Nininha se varandava no existir como quem procura a Lua em dia solarengo ou as estrelas no beijar do Sol.
Se pendurava nas borboletas que caracoleavam no descer do ar, no soprar da brisa, despojando-se no esculpir de seu destino. Pedindo arco-íris em seu sentir como quem se esgota de sede no desertar do beijo.
Nininha tinha tudo em si sem o ver, porque toda a vida se somara de olhar em busca de um farol, num existir feito de reflexos, de imagens devolvidas.
Como na alegoria, Nininha foi despejando os minérios que o saco de vida lhe prendou. Uns atrás dos outros.
Pedras puras. Basaltos até. Alguns, brilhos de alma, feitiços emprestados. Outros ainda, raros, jóias deslumbrantes.
Até ao dia em que do Suão lhe chegou feiticeiro. Africano de sabedorias somado. De mil paciências moldado. Que se recusou ser apenas mais um. O depois na lista, antes do seguinte.
Mouro lhe sorriu. No pisar da (i)lógica. Lhe anzolou a alma e o gostar e a deixou voar. Pássaro sem gaiola céu acima, sonhos abaixo, até descobrir, dentro de si, que tudo vale a pena, porque VALE. Mas para isso é preciso investir, chorar, querer e arriscar a magoar os joelhos no cair.
Na hora própria, se ela decidir dar valor ao que vale, ele lhe dará a mão e beijará o joelho ferido.
Afinal a magia está no tornar o NÓS muito mais do que a soma do EU com o Tu.
Um dia, nos sonhos do Suão, Nininha percebeu-o. Arrumou o EU, investiu no TU e apaixonou-se pelo NÓS. Espreitou dentro de si e para sua surpresa, o EU e o TU estavam lá dentro. Felizes.
Com um arco-íris na alma.
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