Não é da luz do sol que carecemos. Milenarmente a grande estrela iluminou a terra e, afinal, nós pouco aprendemos a ver. O mundo necessita ser visto sob outra luz: a luz do luar, essa claridade que cai com respeito e delicadeza. Só o luar revela o lado feminino dos seres. Só a lua revela intimidade da nossa morada terrestre. Necessitamos não do nascer do Sol. Carecemos do nascer da Terra.
sábado, 31 de dezembro de 2011
Helen Frankenthaler-December 12, 1928 – December 27, 2011
"There are no rules. That is how art is born, how breakthroughs happen. Go against the rules or ignore the rules. That is what invention is about."
- Helen Frankenthaler
Helen Frankenthaler
December 12, 1928 – December 27, 2011
sábado, 7 de maio de 2011
quarta-feira, 16 de março de 2011
domingo, 27 de fevereiro de 2011
AMIGOS
Escolho os meus amigos não pela pele ou outro arquetipo qualquer, mas pela pupila. Têm que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero o meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e aguentem o que há de pior em mim. Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças. Escolho os meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta. Não quero só o ombro ou o colo, quero também a sua maior alegria. Amigo que não ri junto não sabe sofrer junto. Os meus amigos são todos assim: metade "tolice", metade seriedade. Não quero risos previsíveis nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade a sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice. Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois vendo-os loucos e santos, tolos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que normalidade é uma ilusão imbecil e estéril.
Oscar Wilde
Oscar Wilde
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
António Carlos Cortez
RESPOSTA A DRUMMOND
É sempre no meu sempre aquele nunca
é sempre nesse nunca aquele agora
é sempre nesse agora aquele nada
No mesmo nada encontro sempre tudo
mesmo se o mundo é nada sempre assim
mesmo se assim tudo me desperta
e eu me desperto a adormecer no fim
de cada dia de trabalho errado
em cada hora de um amor mal feito
e digo mesmo se este mundo vale
a expectativa de querer ser sempre
aquela esp’rança onde o bem e o mal
se aliam sempre para quem conserva
o sonho ou a fúria de não estar sonhando
Mas novamente dói a dor no peito
e dói no corpo o que nos vai passando
mágoas ou risos ou o grito dado
e logo atirado para um vale escuro
onde não oiçamos a revolta infinda
de vivermos os dias nesta escura selva
a que nem Dante chamou talvez de vida
a que chamamos coisa e porém amamos
Sempre este querer de violência tanta
e esta crença de que o canto estale
e o dia venha porque nós lutamos
para além das forças que supomos nossas
para além dos sonhos que já não esperamos
para além do verso e do corpo gasto
Sempre este homem que se vai cansando
sempre estes ossos em que equilibramos
esta carne frágil este dia vasto
esta vida feita no que é morte nela
este amor sujeito ao que é sempre efémero
este ódio ao mundo que é amor eterno
[in Depois de Dezembro, Licorne, 2010]
É sempre no meu sempre aquele nunca
é sempre nesse nunca aquele agora
é sempre nesse agora aquele nada
No mesmo nada encontro sempre tudo
mesmo se o mundo é nada sempre assim
mesmo se assim tudo me desperta
e eu me desperto a adormecer no fim
de cada dia de trabalho errado
em cada hora de um amor mal feito
e digo mesmo se este mundo vale
a expectativa de querer ser sempre
aquela esp’rança onde o bem e o mal
se aliam sempre para quem conserva
o sonho ou a fúria de não estar sonhando
Mas novamente dói a dor no peito
e dói no corpo o que nos vai passando
mágoas ou risos ou o grito dado
e logo atirado para um vale escuro
onde não oiçamos a revolta infinda
de vivermos os dias nesta escura selva
a que nem Dante chamou talvez de vida
a que chamamos coisa e porém amamos
Sempre este querer de violência tanta
e esta crença de que o canto estale
e o dia venha porque nós lutamos
para além das forças que supomos nossas
para além dos sonhos que já não esperamos
para além do verso e do corpo gasto
Sempre este homem que se vai cansando
sempre estes ossos em que equilibramos
esta carne frágil este dia vasto
esta vida feita no que é morte nela
este amor sujeito ao que é sempre efémero
este ódio ao mundo que é amor eterno
[in Depois de Dezembro, Licorne, 2010]
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
CREIO
Creio nos anjos
que andam pelo mundo
Creio na deusa
com olhos de diamante
Creio em amores lunares
com piano ao fundo,
Creio nas lendas,
nas fadas, nos atlantes,
Creio num engenho
que falta mais fecundo
De harmonizar
as partes dissonantes,
Creio que tudo é eterno
num segundo,
Creio num céu futuro
que houve dantes,
Creio nos deuses
de um astral mais puro,
Na flor humilde
que se encosta no muro
Creio na carne
que enfeitiça o além
Creio no incrível,
nas coisas assombrosas,
Na ocupação do mundo
pelas rosas,
Creio que o amor tem asas
de ouro.
Amén
Natália Correia
que andam pelo mundo
Creio na deusa
com olhos de diamante
Creio em amores lunares
com piano ao fundo,
Creio nas lendas,
nas fadas, nos atlantes,
Creio num engenho
que falta mais fecundo
De harmonizar
as partes dissonantes,
Creio que tudo é eterno
num segundo,
Creio num céu futuro
que houve dantes,
Creio nos deuses
de um astral mais puro,
Na flor humilde
que se encosta no muro
Creio na carne
que enfeitiça o além
Creio no incrível,
nas coisas assombrosas,
Na ocupação do mundo
pelas rosas,
Creio que o amor tem asas
de ouro.
Amén
Natália Correia
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
A Marte
A Marte
João Só e Abandonados
Acordei de manhã
Ainda meio baralhado
De teres sido tu a estrela
Daquele filme alugado
Deixámos o Bruce Lee
Entregue às artes marciais
Quando olhaste para mim
Sem efeitos especiais
A Marte, vou a Marte
Se é o que tu queres
Eu vou a Marte!
A Marte, vou a Marte
Se é o que tu queres
Eu vou a Marte!
Fui ter contigo ao café
Não me cansei de olhar para ti
Disseste mata-me a sede
Tira-me daqui
E o mercúrio subiu
E eu não sou de pedra
P’ra uma Vénus como tu
Não há água nesta terra!
A Marte, vou a Marte
Se é o que tu queres
Eu vou a Marte!
A Marte, vou a Marte
Se é o que tu queres
Eu vou a Marte!
Estou em terra
Se não me engano
Fizeste de mim
Um verdadeiro marciano
A Marte, vou a Marte
Se é o que tu queres
Eu vou a Marte!
A Marte, vou a Marte
Se é o que tu queres
Eu vou a Marte!
A Marte, vou a Marte
Se é o que tu queres
Eu vou a Marte!
A Marte, vou a Marte
Se é o que tu queres
Eu vou a Marte!
João Só e Abandonados
Acordei de manhã
Ainda meio baralhado
De teres sido tu a estrela
Daquele filme alugado
Deixámos o Bruce Lee
Entregue às artes marciais
Quando olhaste para mim
Sem efeitos especiais
A Marte, vou a Marte
Se é o que tu queres
Eu vou a Marte!
A Marte, vou a Marte
Se é o que tu queres
Eu vou a Marte!
Fui ter contigo ao café
Não me cansei de olhar para ti
Disseste mata-me a sede
Tira-me daqui
E o mercúrio subiu
E eu não sou de pedra
P’ra uma Vénus como tu
Não há água nesta terra!
A Marte, vou a Marte
Se é o que tu queres
Eu vou a Marte!
A Marte, vou a Marte
Se é o que tu queres
Eu vou a Marte!
Estou em terra
Se não me engano
Fizeste de mim
Um verdadeiro marciano
A Marte, vou a Marte
Se é o que tu queres
Eu vou a Marte!
A Marte, vou a Marte
Se é o que tu queres
Eu vou a Marte!
A Marte, vou a Marte
Se é o que tu queres
Eu vou a Marte!
A Marte, vou a Marte
Se é o que tu queres
Eu vou a Marte!
Falta
"E eu quero brincar às escondidas contigo e dar-te as minhas roupas e dizer que gosto dos teus sapatos e sentar-me nos degraus enquanto tu tomas banho e massajar o teu pescoço e beijar-te os pés e segurar na tua mão e ir comer uma refeição e não me importar se tu comes a minha comida e encontrar-me contigo no Rudy e falar sobre o dia e passar à máquina as tuas cartas e carregar as tuas caixas e rir da tua paranóia e dar-te cassetes que tu não ouves e ver filmes óptimos, ver filmes horríveis e queixar-me da rádio e tirar-te fotografias a dormir e levantar-me para te ir buscar café e brioches e folhados e ir ao Florent beber café à meia-noite e tu a roubares-me os cigarros e a nunca conseguir achar sequer um fósforo e falar-te sobre o programa de televisão que vi na noite anterior e levar-te ao oftalmologista e não rir das tuas piadas e querer-te de manhã mas deixar-te dormir um bocado e beijar-te as costas e tocar na tua pele e dizer quanto gosto do teu cabelo dos teus olhos dos teus lábios do teu pescoço dos teus peitos do teu rabo do teu…
E sentar-me nos degraus a fumar até o teu vizinho chegar a casa e se sentar nos degraus a fumar até chegares a casa e preocupar-me quando estás atrasada e ficar surpreendido quando chegas cedo e dar-te girassóis e ir à tua festa e dançar até ficar todo negro e pedir desculpa quando estou errado e ficar feliz quando me desculpas e olhar para as tuas fotografias e desejar ter-te conhecido desde sempre e ouvir a tua voz no meu ouvido e sentir a tua pele na minha pele e ficar assustado quando estás zangada e um dos teus olhos vermelho e o outro azul e o teu cabelo para a esquerda e o teu rosto para oriente e dizer-te que és lindíssima e abraçar-te quando estás ansiosa e amparar-te quando estás magoada e querer-te quando te cheiro e ofender-te quando te toco e choramingar quando estou ao pé de ti e choramingar quando não estou e babar-me para o teu peito e cobrir-te à noite e ficar frio quando me tiras o cobertor e quente quando não o fazes e derreter-me quando sorris e desintegrar-me quando te ris e não compreender por que é que pensas que eu te estou a deixar quando eu não te estou a deixar e pensar como é que tu podes achar que eu alguma vez te podia deixar e pensar em quem tu és mas aceitar-te na mesma e contar-te sobre o rapaz da floresta encantada de árvores anjo que voou por cima do oceano porque te amava e escrever-te poemas e pensar por que é que tu não acreditas em mim e ter um sentimento tão profundo que para ele não existem palavras e querer comprar-te um gatinho do qual teria ciúmes porque teria mais atenção que eu e atrasar-te na cama quando tens de ir e chorar como um bebé quando finalmente vais e ver-me livre das baratas e comprar-te prendas que tu não queres e levá-las de volta outra vez e pedir-te em casamento e tu dizeres não outra vez mas eu continuar a pedir-te porque embora tu penses que eu não estou a falar a sério eu estou mesmo a falar a sério desde a primeira vez que te pedi e vaguear pela cidade pensando que ela está vazia sem ti e querer aquilo que queres e achar que me estou a perder mas saber que estou seguro contigo e contar-te o pior que há em mim e tentar dar-te o meu melhor porque não mereces menos e responder às tuas perguntas quando deveria não o fazer e dizer-te a verdade quando na verdade não o quero e tentar ser honesto porque sei que preferes assim e pensar que acabou tudo mas ficar agarrado a apenas mais dez minutos antes de me atirares para fora da tua vida e esquecer-me de quem sou e tentar chegar mais perto de ti porque é maravilhoso aprender a conhecer-te e vale bem o esforço e falar mau alemão contigo e pior ainda em hebreu e fazer amor contigo às três da manhã e de alguma maneira de alguma maneira de alguma maneira transmitir algum do esmagador, imortal, irresistível, incondicional, abrangente, preenchedor, desafiante, contínuo e infindável amor que tenho por ti..."
Sarah Kane
E sentar-me nos degraus a fumar até o teu vizinho chegar a casa e se sentar nos degraus a fumar até chegares a casa e preocupar-me quando estás atrasada e ficar surpreendido quando chegas cedo e dar-te girassóis e ir à tua festa e dançar até ficar todo negro e pedir desculpa quando estou errado e ficar feliz quando me desculpas e olhar para as tuas fotografias e desejar ter-te conhecido desde sempre e ouvir a tua voz no meu ouvido e sentir a tua pele na minha pele e ficar assustado quando estás zangada e um dos teus olhos vermelho e o outro azul e o teu cabelo para a esquerda e o teu rosto para oriente e dizer-te que és lindíssima e abraçar-te quando estás ansiosa e amparar-te quando estás magoada e querer-te quando te cheiro e ofender-te quando te toco e choramingar quando estou ao pé de ti e choramingar quando não estou e babar-me para o teu peito e cobrir-te à noite e ficar frio quando me tiras o cobertor e quente quando não o fazes e derreter-me quando sorris e desintegrar-me quando te ris e não compreender por que é que pensas que eu te estou a deixar quando eu não te estou a deixar e pensar como é que tu podes achar que eu alguma vez te podia deixar e pensar em quem tu és mas aceitar-te na mesma e contar-te sobre o rapaz da floresta encantada de árvores anjo que voou por cima do oceano porque te amava e escrever-te poemas e pensar por que é que tu não acreditas em mim e ter um sentimento tão profundo que para ele não existem palavras e querer comprar-te um gatinho do qual teria ciúmes porque teria mais atenção que eu e atrasar-te na cama quando tens de ir e chorar como um bebé quando finalmente vais e ver-me livre das baratas e comprar-te prendas que tu não queres e levá-las de volta outra vez e pedir-te em casamento e tu dizeres não outra vez mas eu continuar a pedir-te porque embora tu penses que eu não estou a falar a sério eu estou mesmo a falar a sério desde a primeira vez que te pedi e vaguear pela cidade pensando que ela está vazia sem ti e querer aquilo que queres e achar que me estou a perder mas saber que estou seguro contigo e contar-te o pior que há em mim e tentar dar-te o meu melhor porque não mereces menos e responder às tuas perguntas quando deveria não o fazer e dizer-te a verdade quando na verdade não o quero e tentar ser honesto porque sei que preferes assim e pensar que acabou tudo mas ficar agarrado a apenas mais dez minutos antes de me atirares para fora da tua vida e esquecer-me de quem sou e tentar chegar mais perto de ti porque é maravilhoso aprender a conhecer-te e vale bem o esforço e falar mau alemão contigo e pior ainda em hebreu e fazer amor contigo às três da manhã e de alguma maneira de alguma maneira de alguma maneira transmitir algum do esmagador, imortal, irresistível, incondicional, abrangente, preenchedor, desafiante, contínuo e infindável amor que tenho por ti..."
Sarah Kane
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
Doce Canção
Como hei-de segurar a minha alma
para que não toque na tua? Como hei-de
elevá-la acima de ti, até outras coisas?
Ah, como gostaria de levá-la
até um sítio perdido na escuridão
até um lugar estranho e silencioso
que não se agita, quando o teu coração treme.
Pois o que nos toca, a ti e a mim,
isso nos une, como um arco de violino
que de duas cordas solta uma só nota.
A que instrumento estamos atados?
E que violinista nos tem em suas mãos?
Oh, doce canção.
Rainer Maria Rilke
Todos os dias faz anos
que foram inventadas as palavras.
É preciso festejar todos os dias
o centenário das palavras.
Almada Negreiros
para que não toque na tua? Como hei-de
elevá-la acima de ti, até outras coisas?
Ah, como gostaria de levá-la
até um sítio perdido na escuridão
até um lugar estranho e silencioso
que não se agita, quando o teu coração treme.
Pois o que nos toca, a ti e a mim,
isso nos une, como um arco de violino
que de duas cordas solta uma só nota.
A que instrumento estamos atados?
E que violinista nos tem em suas mãos?
Oh, doce canção.
Rainer Maria Rilke
Todos os dias faz anos
que foram inventadas as palavras.
É preciso festejar todos os dias
o centenário das palavras.
Almada Negreiros
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Histórias aos centos
Existe agora um sítio para todos, crianças jovens e adultos, onde é probido não sonhar...
Temos connosco histórias aos centos...
Histórias de medo, de rir, sem pressa , depressa, de amor de desamor, de morte e de sorte...
Histórias que nos ajudam a regressar ao passado e recordar da nossa infância, cheiros, texturas, sons e cores, levando-nos enfim à criança que está dentro de nós!
Porque os Contos falam do mundo...
Porque os Contos são um direito da criança,
do jovem e do adulto!
Temos connosco histórias aos centos...
Histórias de medo, de rir, sem pressa , depressa, de amor de desamor, de morte e de sorte...
Histórias que nos ajudam a regressar ao passado e recordar da nossa infância, cheiros, texturas, sons e cores, levando-nos enfim à criança que está dentro de nós!
Porque os Contos falam do mundo...
Porque os Contos são um direito da criança,
do jovem e do adulto!
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
The sun will lead us Our reason to be here
Soon oh soon the light Pass within and soothe THIS endless night And wait here for you Our reason to be here Soon oh soon the time All we move to gain will reach and calm Our heart is open Our reason to be here Long ago, set into rhyme Soon oh soon the light Ours to shape for all time, ours the right The sun will lead us Our reason to be here The sun will lead us Our reason to be here
domingo, 23 de janeiro de 2011
sábado, 22 de janeiro de 2011
Regresso
Quando eu voltar,
que se alongue sobre o mar,
o meu canto ao Creador!
Porque me deu, vida e amor,
para voltar...
Voltar...
Ver de novo baloiçar
a fronde magestosa das palmeiras
que as derradeiras horas do dia,
circundam de magia...
Regressar...
Poder de novo respirar,
(oh!...minha terra!...)
aquele odor escaldante
que o humus vivificante
do teu solo encerra!
Embriagar
uma vez mais o olhar,
numa alegria selvagem,
com o tom da tua paisagem,
que o sol,
a dardejar calor,
transforma num inferno de cor...
Não mais o pregão das varinas,
nem o ar monotono, igual,
do casario plano...
Hei-de ver outra vez as casuarinas
a debruar o oceano...
Não mais o agitar fremente
de uma cidade em convulsão...
não mais esta visão,
nem o crepitar mordente
destes ruidos...
os meus sentidos
anseiam pela paz das noites tropicais
em que o ar parece mudo,
e o silêncio envolve tudo
Sede...Tenho sede dos crepusculos africanos,
todos os dias iguais, e sempre belos,
de tons quasi irreais...
Saudade...Tenho saudade
do horizonte sem barreiras...,
das calemas traiçoeiras,
das cheias alucinadas...
Saudade das batucadas
que eu nunca via
mas pressentia
em cada hora,
soando pelos longes, noites fora!...
Sim! Eu hei-de voltar,
tenho de voltar,
não há nada que mo impeça.
Com que prazer
hei-de esquecer
toda esta luta insana...
que em frente está a terra angolana,
a prometer o mundo
a quem regressa...
Ah! quando eu voltar...
Hão-de as acacias rubras,
a sangrar
numa verbena sem fim,
florir só para mim!...
E o sol esplendoroso e quente,
o sol ardente,
há-de gritar na apoteose do poente,
o meu prazer sem lei...
A minha alegria enorme de poder
enfim dizer:
Voltei!..
Alda Lara
que se alongue sobre o mar,
o meu canto ao Creador!
Porque me deu, vida e amor,
para voltar...
Voltar...
Ver de novo baloiçar
a fronde magestosa das palmeiras
que as derradeiras horas do dia,
circundam de magia...
Regressar...
Poder de novo respirar,
(oh!...minha terra!...)
aquele odor escaldante
que o humus vivificante
do teu solo encerra!
Embriagar
uma vez mais o olhar,
numa alegria selvagem,
com o tom da tua paisagem,
que o sol,
a dardejar calor,
transforma num inferno de cor...
Não mais o pregão das varinas,
nem o ar monotono, igual,
do casario plano...
Hei-de ver outra vez as casuarinas
a debruar o oceano...
Não mais o agitar fremente
de uma cidade em convulsão...
não mais esta visão,
nem o crepitar mordente
destes ruidos...
os meus sentidos
anseiam pela paz das noites tropicais
em que o ar parece mudo,
e o silêncio envolve tudo
Sede...Tenho sede dos crepusculos africanos,
todos os dias iguais, e sempre belos,
de tons quasi irreais...
Saudade...Tenho saudade
do horizonte sem barreiras...,
das calemas traiçoeiras,
das cheias alucinadas...
Saudade das batucadas
que eu nunca via
mas pressentia
em cada hora,
soando pelos longes, noites fora!...
Sim! Eu hei-de voltar,
tenho de voltar,
não há nada que mo impeça.
Com que prazer
hei-de esquecer
toda esta luta insana...
que em frente está a terra angolana,
a prometer o mundo
a quem regressa...
Ah! quando eu voltar...
Hão-de as acacias rubras,
a sangrar
numa verbena sem fim,
florir só para mim!...
E o sol esplendoroso e quente,
o sol ardente,
há-de gritar na apoteose do poente,
o meu prazer sem lei...
A minha alegria enorme de poder
enfim dizer:
Voltei!..
Alda Lara
Relendo Saramago...
Olharei a tua sombra se não quiseres que te olhe a ti,
Quero estar onde estiver a minha sombra,
se lá é que estiverem os teus olhos."
Saramago, O Evangelho Segundo Jesus Cristo
Quero estar onde estiver a minha sombra,
se lá é que estiverem os teus olhos."
Saramago, O Evangelho Segundo Jesus Cristo
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Desnudo día
Desnudo día
En el paisaje nuevo
En el paisaje nuevo en que estarás conmigo
reposará la tarde como una flor caída.
Nos habremos deseado
tanto, que el beso habrá muerto.
Yo lo veré en tus ojos, maduros de otra sombra.
Ojos de un valle ausente. Ojos con otra luna.
Entre los dos corazones
llorará tu voz
antigua.
...Una tarde peinada con una raya oscura.
Tú tendrás la mitad más dulce de la vida.
Las camelias de tu boca
morirán en otro tiempo.
...Y aquella tarde mía, ya no será la tuya.
Josefina Plá.
1936
En el paisaje nuevo
En el paisaje nuevo en que estarás conmigo
reposará la tarde como una flor caída.
Nos habremos deseado
tanto, que el beso habrá muerto.
Yo lo veré en tus ojos, maduros de otra sombra.
Ojos de un valle ausente. Ojos con otra luna.
Entre los dos corazones
llorará tu voz
antigua.
...Una tarde peinada con una raya oscura.
Tú tendrás la mitad más dulce de la vida.
Las camelias de tu boca
morirán en otro tiempo.
...Y aquella tarde mía, ya no será la tuya.
Josefina Plá.
1936
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
Diário de um Cenário a acontecer...
Hoje, como em cada um dos dias que foram ficando para trás desde finais de Setembro, trago um sabor novo para casa, todos diferentes, todos surpreendentes...em nenhum momento duvidei que fossemos capazes de erguer o 13º cenário das nossas Bibliotecas, e aos poucos todas as dificuldades e contrariedades vão sendo vencidas restando agora a luta contra o tempo.
A todos aqueles que se têm empenhado, trabalhado e lutado para que este seja mais uma vez um lugar mágico, um lugar para sonhar, conhecer e amar "O LIVRO", escritores, ilustradores e contos de todo o mundo, todo o meu carinho...
A todos aqueles que se têm empenhado, trabalhado e lutado para que este seja mais uma vez um lugar mágico, um lugar para sonhar, conhecer e amar "O LIVRO", escritores, ilustradores e contos de todo o mundo, todo o meu carinho...
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
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