OS ROCHEDOS DA TUNDAVALA
«Os olhos dele continham o céu Planalto.
Na Huíla, Serra da chela, Dezembro, quando o azul mais fere.
Nos olhos dela estavam gravadas suaves ondulações da estepe mongol.
Tons sobre o castanho.
Entremos primeiro no azul.
(entremos no nosso azul, "mano velho" ...
isto é para ti, para todos nós, para o pai "nosso soba" para a mãe "nosso planalto" e para o J, porque o Z, já lá anda de certeza...
subir e descer a serra da Chela,
parar na Tundavala,
mandar a pedrinha e ficar à espera do eco...
A minha vida se resume a uma larga e sinuosa curva para o amor.
Começando por um caminho longo até Moscovo.
Não vos contarei todos os detalhes dessa viagem.
Houve outras, também importantes, houve mesmo muitas viagens.
Mas essa primeira viagem em arco amplo e súbitos desvios demorou mais,
começou na Huíla, Sul de Angola, quando fui parido.
Nasci no meio de rochedos. A casa, porém, era de adobe.
Casa de adobe com rochedos à volta. »
***
Do encontro entre um estudante angolano e uma jovem mongol, nos anos 60, em Moscovo, nasce um amor proibido. Baseada em factos verídicos, ficcionados pelo autor, esta história põe em evidência a vacuidade de discursos ideológicos e palavras de ordem, que se revelam sem relação com a prática. Política internacional, guerra, solidariedade e amor, numa rota que liga um ponto perdido de África a outro da Ásia, passando pela Europa e até por Cuba. Uma viagem no tempo e no espaço, o de uma geração cansada de guerra num mundo cada vez mais pequeno. Maravilhoso e comovente, este é um romance sobre o triunfo do amor, contra todas as vontades e todas a fronteiras.
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