Não é da luz do sol que carecemos. Milenarmente a grande estrela iluminou a terra e, afinal, nós pouco aprendemos a ver. O mundo necessita ser visto sob outra luz: a luz do luar, essa claridade que cai com respeito e delicadeza. Só o luar revela o lado feminino dos seres. Só a lua revela intimidade da nossa morada terrestre. Necessitamos não do nascer do Sol. Carecemos do nascer da Terra.
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
VIRGINIA
Virginia O'Hanlon, de oito anos de idade, escreveu uma carta ao editor do jornal Sun de Nova Iorque e a resposta foi-lhe dada sob a forma de um editorial não assinado em 21 de Setembro de 1897. O trabalho do jornalista Francis Pharcellus Church tornou-se no editorial mais vezes publicado da história do jornalismo, tendo aparecido em dúzias de línguas, em livros, filmes, outros editoriais, posters e selos.
«Querido editor: Tenho oito anos. Alguns dos meus amiguinhos dizem que o Pai Natal não existe. O papá diz-me: “Se vires no “The Sun” é porque existe.” Por favor diga-me a verdade; o Pai Natal existe?»
VIRGINIA O'HANLON
115 WEST NINETY-FIFTH STREET
VIRGÍNIA, os teus amiguinhos estão enganados. Foram afectados pelo cepticismo desta época céptica. Não acreditam senão naquilo que vêm. Pensam que não existe nada que não possa ser apreendido pelas sua pequenas mentes. Todas as mentes, Virgínia, quer pertençam a homens quer pertençam a crianças são pequenas. Neste grande mundo que é o nosso o homem é simplesmente um insecto, uma formiga, medido em nome do seu intelecto no mundo sem limites em seu redor, é um vulgar insecto quando é medido pela sua capacidade de abarcar a integralidade da verdade ou do conhecimento.
Sim, VIRGÍNIA, o Pai Natal existe. Existe como na realidade existem o amor, a generosidade e a devoção e tu sabes que eles existem e dão à tua vida o máximo de beleza e alegria. Mas como seria horroroso o mundo se não houvesse Pai Natal. Seria tão horroroso como se não existisse nenhuma Virgínia. Não haveria fé infantil nem poesia nem romance para tornar tolerável esta existência. Não teríamos alegria a não ser na razão e na visão. A luz eterna com que a infância enche o mundo extinguir-se-ia.
Não acreditar no Pai Natal! É a mesma coisa que não acreditar nas fadas! Podes pedir ao teu papá que contrate homens para vigiar todas as chaminés na véspera de Natal para apanharem o Pai Natal, que mesmo que eles não o consigam ver o que é que isso provaria? Ninguém vê o Pai Natal, mas isso não é sinal de que ele não exista. As coisas mais reais do mundo são as que nem as crianças nem os homens podem ver. Alguma vez viste as fadas a dançar na relva? Claro que não. Mas isso não prova que elas não existam. Ninguém pode conceber ou imaginar todas as maravilhas que não são vistas nem visíveis no mundo.
Podes partir ou desmanchar a roca de um bebé e ver o que faz barulho lá dentro, mas existe um véu que cobre o mundo invisível, que nem o homem mais forte nem a força reunida de todos os homens fortes que alguma vez existiram consegue rasgar. Apenas a fé, a imaginação, a poesia, o amor, o romance podem afastar essa cortina e ver a beleza sobrenatural e a glória que estão para além dela. E isso é tudo real? Ah VIRGÍNIA, em todo este mundo não há nada mais real e permanente.
Não haver Pai Natal! Santo Deus! Ele vive e viverá para sempre. Daqui a mil anos, Virgínia, não, daqui a dez vezes dez mil anos, ele continuará a alegrar o coração das crianças.
Li esta história há muito tempo, ainda em África, e nunca me esqueci dela...
procureia-a, e cá está ela, acabadinha de chegar do "Um quarto de fadas"
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