No meio das coisas,
com o sentimento certo
de que amanhã é um espaço
entre o centro e o cume,
desenhando apenas
a linha de prumo do sol
que há-de nascer,
espreito por cima do teu ombro
a página em que ficaste,
e te fez pensar.
Que sonhos nasceram
por entre as palavras,
que imagem ou nuvem te passou pelos olhos,
e te levou com ela,
até ao limite de um puro relâmpago?
Desfaz com as tuas mãos a
tapeçaria do segredo;
e espreita o que vai surgindo
por entre os fios,
e traz o que parecia ter passado,
e morrido com o tempo.
Não te distraias com o pensamento;
e volta a página, para saberes
o que vem a seguir.
Mas se não o fizeres,
e se uma respiração antiga
te fizer murmurar de novo
as frases do amor,
fecha o livro,
como se já soubesses
o que vai acontecer.
Nuno Júdice
Sem comentários:
Enviar um comentário