sexta-feira, 5 de junho de 2009

na mesa de cabeceira...

Por toda a obra, enquanto se assiste ao fluir dos tempos sacrificados e difíceis, ao deflagrar das misérias e fraquezas humanas, ao vasculhar das situações caricatas e ridículas, perpassam os odores do mato, o cheiro da morte, o apelo da guerra... Sente-se ainda a magia daquelas gentes diferentes e o sortilégio da terra inóspita, selvagem, rude e bela que condicionavam e faziam da vida um permanente confronto de sentimentos, um gigantesco conflito de emoções. Sobressaíam os verdadeiros homens. Sobreviviam os mais capazes, os que melhor se adaptavam, os que a sorte protegia.

Rui Alexandrino Ferreira nasceu no Lubango, Angola, em 1943.
1964 - Integra o último curso de oficiais milicianos que reuniu em Mafra a juventude do Império.
1965 - Rende, na Guiné-Bissau, um desaparecido em combate.
1970 - Frequenta o curso para capitão em Mafra, seguindo em nova comissão para a Guiné-Bissau.
1973 - Regressa a Angola em outra comissão.
1975 - Retorna a Portugal.
1976 - Estabiliza em Viseu, onde continua a residir. Rumo a Fulacunda é a sua primeira obra literária.


(e primo querido que passou as agruras da guerra, e aqui deixa o seu testemunho)...
...pois, tenho-os na mesa de cabeceira, junto a outros que me apetecem...
este, e o do tio Luís...
por tudo o que encerram só agora os vou ler...
Luís Vieira da Silva nasceu em S. Mamede de Infesta no ano de1936. Estudou em Lisboa.
Entrou para a Força Aérea Portuguesa em 1955, graduou-se como piloto em 1956 e foi colocado na aviação de caça.
Em 1962 foi nomeado para uma comissão de serviço em Moçambique no fim da qual saiu da Força Aérea, radicando-se nesse território como piloto de táxis aéreos. Em 1965 entrou na TAP e em 1969 foi qualificado comandante de avião. Nessa qualidade participou na ponte aérea África – Lisboa entre Agosto e Setembro de 1975, uma das missões que desempenhou ao longo das 20.000 horas voadas em serviço profissional. Reformou-se em 1996. Angola Terra d’Uanga é a sua primeira obra literária.



Angola Terra d’Uanga é um romance.
Trata da época em que os velhos de hoje foram jovens e tinham, como é apanágio da juventude em todos os tempos, os seus próprios sonhos, as suas alegrias, tristezas, realizações, perspectivas e frustrações.
Até que, no princípio dos anos sessenta o norte de Angola foi atacado e começou a Guerra Colonial.
A juventude portuguesa viu-se de repente em armas no meio das matas africanas e não teve mais remédio que lutar, enfrentando situações e problemas para que não estava preparada, até à queda do regime.
Quando todos os sonhos pareciam possíveis, desenvolve-se em Angola um clima de guerra civil. Em Agosto e Setembro de 1975, uma ponte aérea entre Angola e Lisboa arrancou mais de meio milhão de pessoas à fome, à miséria e à morte. Angola Terra d’Uanga é a crónica de três homens que seguiram caminhos diferentes para, no fim, se encontrarem a bordo dum voo de regresso da ponte aérea.

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