quinta-feira, 16 de outubro de 2008

A ÁRVORE GENEROSA

Era uma vez uma árvore...
que amava um menino.

E todos os dias o menino vinha,
juntava as suas folhas
e com elas fazia coroas,
imaginando ser o rei da floresta.

Subia ao seu tronco,
balançava-se nos seus ramos,
comia as suas maçãs,
brincavam às escondidas
e quando ficava cansado,
dormia à sua sombra.

O menino amava aquela árvore...
como ninguém.

E a árvore era feliz.

Mas o tempo passou.
O menino cresceu.
E a árvore ficava muitas vezes sozinha.

Um dia o menino veio e a árvore disse-lhe:
- Anda menino. Anda subir o meu tronco,
balançar-te nos meus ramos, comer maçãs,
brincar à minha sombra
e ser feliz.

-Já sou muito crescido para brincar - disse o menino.
Quero comprar coisas e divertir-me.
Quero dinheiro.
Podes dar-me algum dinheiro?

- Desculpa - disse a árvore.
Eu não tenho dinheiro. Só tenho folhas e maçãs.
Leva as minhas maçãs, menino.
Vende-as na cidade.
Então terás dinheiro
e serás feliz.

E assim,
o menino subiu o tronco,
colheu as maçãs e levou-as.

E a árvore ficou feliz.

Mas o menino ficou longe da árvore
durante muito tempo...
e a árvore ficou triste outra vez.
Até que um dia o menino regressou
e a árvore, estremecendo de alegria,
disse:
- Anda, menino.
Anda subir o meu tronco,
balançar-te nos meus ramos
e ser feliz.

-Estou muito ocupado para subir a
árvores - respondeu o menino.
Eu quero uma casa para viver.
Quero uma mulher e filhos.
Para isso preciso de uma casa.
Podes dar-me uma casa?

- Eu não tenho casa - disse a árvore.
A floresta é o meu abrigo.
Mas corta os meus ramos
e constrói a tua casa.
Então serás feliz.

O menino assim fez.
Cortou os ramos e levou-os
para construir uma casa.

E a árvore ficou feliz.

Mas uma vez mais
o menino separou-se da árvore
e quando voltou,
a árvore sentiu-se tão feliz
que mal conseguia falar.

- Anda menino - sussurrou ela.
Anda brincar.

- estou velho e triste demais
para brincar - explicou o menino.
Quero um barco que me leve
para bem longe daqui.
Podes dar-me um barco?

- Corta o meu tronco
e faz um barco - disse a árvore.
Assim poderás viajar
para longe e ser feliz.

O menino cortou o tronco,
fez um barco e partiu.

E a árvore ficou feliz
mas não muito.

Muito tempo depois,
o menino voltou novamente.

- Desculpa, menino - disse a árvore.
nada mais me resta para te dar.
As maçãs já se foram.

- Os meus dentes são fracos demais
para maçãs - explicou o menino.

- Já não tenho ramos - lamentou a árvore.

-Também já não tenho idade para me balançar em
ramos - respondeu o menino.

- Não tenho tronco para subires - continuou a árvore.

-Estou muito cansado para isso - disse o menino.

- Desculpa - suspirou a árvore.
Gostava de ter algo para te oferecer...
mas nada me resta.
Sou apenas um velho toco.
Desculpa...

-Já não preciso de muita coisa - acrescentou
o menino.
Só um lugar sossegado
onde me possa sentar e descansar.
Sinto-me muito cansado.

-Pois bem - respondeu a árvore,
endireitando-se o mais possível.
Um velho toco á óptimo
para te sentares e descansar.
Anda, menino. Senta-te.
Senta-te e descansa.

E foi o que o menino fez.

E a árvore ficou feliz.

"A árvore generosa" de Shel Silverstein

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